sexta-feira, 14 de maio de 2010

Preguiça de sair de casa ou mudança de prioridades?

Com as mais distintas e interessantes atrações oferecidas todos os dias nas grandes metrópoles (exposições, filmes em 3D, inaugurações de todos os tipos), um paradoxo: muito mais pessoas, hoje, “pagam” para ficar em casa. "Estamos hiperconectados e precisamos nos desconectar um pouco (...) Às vezes, dá preguiça ter que se informar sobre tudo, ler o último livro, assistir ao último filme", confirma a tese o sociólogo Dario Caldas, diretor do Observatório de Sinais, agência de consultoria especializada em tendências. 

Para a psicanalista Marion Minerbo, "Ficar em casa pode revelar a necessidade de relaxar depois da quantidade enorme de estímulos e solicitações de que somos alvo ao longo do dia”. A especialista ainda relata que sair de casa pode gerar um trabalho extra: “Sair pode ser vivido como se você tivesse que subir num palco e dar um show de bola pelo qual, ainda por cima, será avaliado”. Ela parte do princípio que demanda muito esforço do indivíduo frequentar atividades sociais, visto que ele terá que se arrumar, procurar o lugar certo, e providenciar assuntos interessantes como filmes que assistiu, viagens que fez ou está planejando fazer. 

O fato de grande parte da população optar por não sair é reflexo da mudança para uma atitude mais individualista. Caldas explica: "Hoje as pessoas priorizam o prazer no lugar do dever. (…) Antes de fazer algo, as pessoas se perguntam qual o sentido daquilo dentro da sua escala de valores".

Outros especialistas vinculam o fenômeno as facilidades virtuais, compreendendo que o acesso a tecnologia tem substituído os encontros reais, proporcionando ao indivíduo mais controle da realidade, além de estabelecer parâmetros para a pessoa lidar com frustrações e de mudar o que não está legal no seu entorno, pois qualquer insatisfação é resolvida, simplesmente, apertando o delete.

Fonte: Folha Online

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